sexta-feira, 23 de outubro de 2015

CUIDADO: Ronco é um sinal !

Ronco é um sinal de alerta para uma série de doenças.

Pessoa pode ter apneia do sono, fator de risco para outras doenças crônicas que atinge até o coração podendo levar à morte

 
Flávio Verão,Do Progresso
Doutor Luciano Silveira Rodrigues é otorrinolaringologista e médico do sono. (Foto: Flávio Verão)Doutor Luciano Silveira Rodrigues é otorrinolaringologista e médico do sono. (Foto: Flávio Verão)
Ronco frequente e alto durante à noite, sonolência excessiva durante o dia, sinais característicos de apneia obstrutiva, doença crônica e que pode desencadear uma série de outros problemas capazes de levar à morte. Mais comum em homens e a partir dos 40 anos, a doença também atinge crianças e adultos jovens e quando diagnosticada em fase inicial as chances de cura são maiores.
Marcada pelo fechamento da via aérea por alguns períodos durante o sono, a apneia obstrutiva, em função de vários fatores como, por exemplo, flacidez dos tecidos da garganta, faz com que a pessoa pare de respirar por curtos períodos durante o sono. O médico otorrinolaringologista e do distúrbio do sono Luciano Silveira Rodrigues diz que a apneia é um problema de saúde pública e o diagnóstico e tratamento é pouco presente no Sistema Único de Saúde (SUS) no país.
Existem três tipos de apneia - a central, a obstrutiva e a mista. A que mais chama a atenção da população, por ser de maior ocorrência, é a obstrutiva, quando há um colapso das vias aéreas. São várias as causas, como genético e fatores como obesidade. “No caso do obeso, o tecido adiposo depositado no pescoço diminui o fluxo de ar, assim como a língua fica maior”, explica doutor Luciano.


 Quando se fala em apneia é preciso estar atento às consequências que ela pode causar. A principal e epidemiologicamente, são doenças cardiovasculares, com mais chance de hipertensão arterial, de arritmia cardíaca. Pacientes jovens de 25 a 35 anos, segundo doutor Luciano, que começam a apresentar hipertensão, é preciso investigar se ele pode ter apneia.
Outros agravantes da apneia é que, quando existe a parada respiratória, o coração passa a trabalhar um pouco mais, para vencer a diminuição de oxigênio no organismo. Com isso, o músculo cardíaco fica mais forte e faz aumentar a pressão arterial. Esse aumento da atividade cardíaca, de acordo com o médico do sono, pode exacerbar a arritmia cardíaca - quando o coração começa a falhar, ou seja, bate de forma falha. As consequências da apneia não param por aí. A pessoa também pode apresentar dificuldades de memória e no homem ocorrer disfunção sexual e perda do libido.

Ronco
A apneia pode atingir qualquer faixa etária de idade, porém com maior incidência em pessoas a partir de 40 anos, com maior frequência em homem. Porém, mulheres a partir de 50 anos, por causa da menopausa, podem desenvolver apneia. “Quando chega na menopausa a mulher perde a tonicidade do músculo [sistema respiratório] e passa a roncar mais”, diz doutor Luciano Silveira Rodrigues, acrescentando ser comum entre as mulheres.
O ronco, segundo ele, é um ruído dos tecidos que fazem barulho no pescoço e com o passar do tempo pode ficar mais intenso e aparecer a apneia. No entanto, o ronco não necessariamente deve ser visto como apneia, devendo o paciente procurar um médico para fazer diagnóstico.
Mas segundo o especialista, o ronco já é considerado um fator de risco, sendo necessário a pessoa ou quem vive com ela ficar atenta ao comportamento. Embora quem ronca possa não apresentar apneia, esse fator pode desencadear outros problemas, como o Acidente Vascular Cerebral (AVC), em razão da diminuição do fluxo de sangue nas artérias.

Crianças
Embora a doença atinja em sua maioria pessoas na meia idade, crianças também tem apneia. “O que geralmente ocorre é o aparecimento de alguns tecidos nas vias aéreas, as adenóides e amígdalas, que causam uma diminuição do fluxo de ar que leva aparecimento do ronco e também a apneia”, explica doutor Luciano. Na criança as consequências são diferentes. Segundo o médico, ela causa uma agitação diurna. No adulto é ao contrário, pois surge sonolência.
Isso acontece pelos mecanismos de compensação cerebral serem diferentes entre criança e adulto. “Às vezes, na escola, a criança passa a ser titulada como hiperativa, mas essa inquietude pode estar relacionada porque ela não dorme direito. A criança tem vários colapsos respiratórios e isso causa despertares durante a noite que fragmentam o sono”, comenta o otorrinolaringologista e médico do sono.


Tratamento
A família pode perceber se durante o sono a pessoa apresenta sinais de sufocamento, características da doença. Porém, o diagnóstico preciso só é feito pelo exame conhecido como polissonografia - aquele em que o paciente é monitorizado ao longo da noite para colher informações sobre atividade cerebral, respiratório, cardiovascular, além de ser observado o movimento de membros durante o sono.
Segundo o doutor Luciano, a apneia tem tratamento e a cura espontânea é difícil. “Se for em criança, dependendo do caso, pode ser curada. No adulto, se sabe que a cirurgia de vias aéreas é questionável, mas em alguns casos, determinado, é possível ter cura”, disse ele.
Uma das formas de tratamento em adulto é a utilização de um equipamento para dormir, o cpap, que injeta ar na via aérea e elimina a apneia. O aparelho é indicado dependendo da repercussão que a doença causa no paciente, sendo mais recomendado, segundo o médico, para tratamento da apneia moderada e grave. 
Quando os sintomas são leves, há mais modalidades de tratamento, como higiene do sono, perda de peso, uso de aparelho intraoral, trabalho feito por uma equipe multidisciplinar. A recomendação é buscar um médico o quanto antes, para diagnosticar a doença e iniciar o tratamento.
FONTE:progresso.com - Flávio Verão - Do Progresso

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