terça-feira, 10 de novembro de 2015

Tratamentos para ronco.

Uso de aparelhos, exercícios ou cirurgia: conheça os tratamentos para combater o ronco.

Em breve, amazonenses terão como opção fazer a chamada Faringoplastia Lateral ou Faringoplastia Expansora. Trata-se de uma plástica na região da garganta, que tem 90% de chance de cura do "barulhento" problema


Trata-se de um problema “silencioso” que afeta grande parte da população brasileira. A Apneia Obstrutiva do Sono é uma doença respiratória, que ocorre durante o sono, caracterizada pela obstrução parcial ou completa da via aérea superior. Na pratica, ocorrem interrupções breves e repetidas da respiração por pelo menos 10 segundos (em uma frequência maior que 5 episódios por hora de sono) em uma via aérea obstruída o que impede a passagem do ar até os pulmões. A maior parte dos pacientes convive com a doença sem receber o diagnóstico e qualquer tipo de tratamento. Entre os principais sintomas está o tão barulhento ronco.
A dificuldade de diagnóstico vem do fato do paciente não perceber que sofre de apneia. Quem dá o alerta é a (o) companheira (o), que convive com a pessoa que sofre do problema. Segundo o médico otorrinolaringologista Renato Martins, especialista em Medicina do Sono pela Universidade de São Paulo (USP), nesse caso, o ronco deve preocupar quando for diário ou mais do que três vezes por semana, for alto e incomodar outras pessoas, acontecer em qualquer posição ao dormir e vier associado com pausas seguidas de uma respiração ressucitatória.
“O ronco é apenas um sinal de que algo de errado está acontecendo durante o sono. É como se fosse a ponta de um iceberg, pois pode indicar um problema bem mais complexo”, explica Renato, que atende tanto no Hospital Prontocord quanto no Hospital Getúlio Vargas. Ele destaca que todos os pacientes que tem apneia roncam, mas nem todos que roncam tem apneia.
Nos homens,a partir dos 30 anos de idade, há uma propensão maior de se ter apneia. Já as mulheres são protegidas pelos hormônios femininos Nesse caso, os estudos apontam que os hormônios acabam criando uma estrutura maior de rigidez de via área, prevenindo-as desse problema até a entrada na menopausa, quando o corpo para de produzí-los.
“Quando ocorre uma apneia, o corpo tem uma forte descarga simpatica. É como se você levasse um susto. Quando isso acontece, seu coração acelera, há toda uma mobilidade hormonal e metabólica voltada para te socorrer frente a essa situação de estresse", exemplifica o médico. Em pacientes com apneia, essa situação acontece inúmeras vezes durante a noite, causando um desbalanço em todas as estruturas relacionadas ao sistema cardiovascular. E isso é algo muito preocupante”, alerta Renato.
O especialista explica ainda que a Apneia Obstrutiva do Sono possui uma característica multifatorial, ou seja, pode estar relacionada a múltiplos fatores, tais como a perda da capacidade de sustentação da musculatura da faringe e da língua, presença de amídalas e adenóides grandes, pacientes acima do peso ou mesmo quando o formato da face e do pescoço resulta em menor espaço para passagem de ar na garganta.
Consequências
A sonolência diurna é uma das principais consequências da interrupção e fragmentação do sono causada pelos eventos respiratórios e a falta de oxigênio.  Além disso, os pacientes com apneia queixam-se de acordar com sensações de engasgos ou sufocamento, ofegantes e com sensação de boca seca ou dor de garganta pela manhã.
O sono fragmentado ou interrompido também causa prejuízos diurnos (fadiga, cansaço, mal-estar), alterações cognitivas (afeta memória, atenção/ concentração e aprendizado), irritabilidade e queda do desejo sexual. O problema contribui ainda na alteração do humor (ansiedade e depressão). Se engana quem acha que dormir demais é sinal de sono bom. O apneico tem muito sono. Acorda muito durante a noite, mas volta rápido a dormir, diferente de quem sofre de insônia. “A queixa dele não é porque ele não dorme. Ele dorme  muitas horas, mas tem um sono de péssima qualidade. Não deixa aprofundar o sono, estabilizá-lo, enfim, ter um sono reparador”, destaca o especialista.
Tratamentos
O doutor Renato Martins explica que há um leque de tratamentos para enfrentar este problema, como mudanças comportamentais e de hábitos, exercícios fonoaudiológicos, uso de aparelhos intraorais, cirurgia de avanço maxilomandibular, cirurgia para o ronco e apneia e uso de aparelhos de pressão positiva. Mas atenção! Cada caso é um caso. É preciso uma avaliação de um medico especialista em Medicina do Sono para indicar o melhor tratamento para cada paciente.
As mudanças comportamentais e de hábito são indicadas para todos os pacientes com apneia e incluem perda de peso, dormir de lado, evitar ingestão de bebidas alcoolicas 4 horas antes de dormir, evitar comer muito antes de deitar e realização de atividades físicas. Uma novidade de tratamento, em que a USP é a pioneira no mundo em pesquisas, são os exercícios fonoaudiológicos voltados para o tratamento da apneia.  Esses exercícios ajudam na redução do índice de apneia através do fortalecimento muscular da língua, bem como a redução de gordura.
Há ainda o uso de aparelhos intraorais, feitos por dentistas especializados em Sono. De acordo com a dentista Nuria Castello Branco, mestre e doutora em ortodontia e pós-doutoranda em Medicina do Sono pela USP, os aparelhos intraorais são o tratamento mais bem estabelecido para ronco primário, apneia do sono leve e moderada e para pacientes que não colaboram ou recusam o tratamento com aparelhos de pressão positiva. “Os aparelhos intraorais utilizam como princípio o avanço da mandibula durante o sono, aumentando o tamanho da via aérea superior, prevenindo o seu colapso durante o sono”, explica a especialista.
Quando o paciente apresenta uma alteração craniofacial associada a apneia do sono, existe a possibilidade de tratamento de ambas as alterações através da cirurgia ortognática, realizada pelo cirurgião bucomaxilofacial, explica a dentista Andrezza Lauria, mestre e doutora em Cirurgia Bucomaxilofacial pela UNICAMP.
O padrão-ouro no tratamento da apneia é o uso do CPAP, que, ligado na tomada, joga uma pressão positiva que ajuda a manter a via aérea aberta para a passagem do ar.
Renato Martins adianta que está trazendo para Manaus a cirurgia para ronco e apneia, chamada de Faringoplastia Lateral ou faringoplastia expansora. Trata-se de uma plástica na região da garganta. A via área fica maior, com menos tendência a fechar. A taxa de sucesso cirurgico chega a 90%, segundo o médico. “Não é a solução de todos os problemas. É preciso saber a sua real indicação”, alerta. Na USP, ele estudou com o médico que criou essa técnica - com mais de 10 anos de prática no Brasil -, além de já ter realizado mais de 30 procedimentos cirúrgicos do tipo.

FONTE: acritica.uol.com.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário